Do pouco que eu aprendi, quando a gente vai fazer uma grande viagem uma música imaginaria toca quando vc pisca os olhos, um sol ameno ilumina sua pele e a deixa radiante e uma noite cheia de estrelas caindo para você se fazem um espetáculo... Atravessar o Atlântico, encontrar outra cultura e língua é muito emocionante, so não mais do que dizer adeus para os seus amigos... Acho que uma enxurrada de lembranças invadiu mesmo os pensamentos e minha vida por alguns momentos do ultimo sábado a noite que tive em Quixelô, me fazendo lembrar-se de coisas que nem eu lembrava mais. Lembro de quando tinha que acordar cedo nos dias de chuva para ir à escola, de quando aprendi a andar de bicicleta numa manha ensolarada, do dia que coloquei um feijão no nariz e tive que ir ao hospital, lembro das minhas doenças de infância, das duas vezes que quebrei o braço, de quando alguns vizinhos se mudaram...das minhas festas de aniversários e dos meus pombos de criação. Eu nunca fui à escola, e ia para uma redação imaginaria cheia de “jornalistas” e diretores, eu queria ser isso, o mais bem informado, engraçado e aceito. Tudo passa tão rápido que ainda lembro-me do meu primeiro dia de pré escolar, eu chorei.
Lembro dos apontadores que Paulinho me roubava, e das professoras que eram tão amáveis e bonitas, lembro do penteado da Ivonete, e da nossa guarda temida do portão, Letícia. Eu não era bom de matemática, mas acho que as pessoas lembravam-se de mim.
Lembro que os meus primeiros amigos, são os melhores até hoje, eu me lembro da Nara e eu cheio de planos, eu não gostei de nenhum namorado que ela teve, ela sempre foi a melhor amiga que tive. Ela junto com meus amigos até me fizeram uma festa com bolo de milho, que é o bolo mais chique do mundo, e com caipirinha, bandeiras de são João, a Mika foi, eu me senti a Danuza, tinha cachorro e tudo, carne assada e baião de dois, que eles sabem que eu nunca vou poder comer na Europa.
Nem todo mundo que eu queria foi. Mas também nem vou dizendo que entendo que Jayllanne não foi porque tinha dois aniversários... E que a tarde não pôde ir nadar, porque ia para a academia e estava com o cabelo feito para alguma coisa a noite. Mas esse são os valores dela. E nem pode ficar com raiva dessas palavras, são verdadeiras, eu vou atravessar o atlântico, mas, ah ela tem duas festas de pessoas que ela provavelmente nem conhece para ir, mas essa é a Jay, com certeza vai me ligar e dar uma desculpa esfarrapada, que eu nunca acreditei e sempre ignorei...Felizmente os meus valores sempre foram outros.
Os dias eram como os de agora, preenchidos, mas de brincadeiras, eu nunca fui um menino de família, acho que tenho uma vó de 94 anos que nem se lembra de mim, eu acho que não gosto da instituição, de fazer parte de uma família, der fazer parte de nada. Minha mãe e eu tivemos uma relação de amor e amor, e ódio (risos). Meu pai foi frio e nos abraçava só quando uma colheita era boa, mas depois que teve o câncer, lembrou um pouquinho mais do amor. A Samara precisa emagrecer e tudo que tenho para dizer sobre ela que não nos parecemos em nada, ela tem as qualidades de ser limpa e organizada, eu não.Na minha adolescência eu tinha o Marcelo e todas as namoradas que ele teve eram super legais. O Marcelo baixava qualquer coisa para mim e eu não morri de falta de cultura por causa dele...Eu adoro a Glícia ela é muito internacional.
Eu sempre tive diário, eu escrevia as coisas que aconteciam porque eu imaginava um mundo registrado, talvez me ajudasse a entendê-lo, depois eu percebi que escrevia diários porque eu ia ter uma historia para contar. Eu acho que tenho anotado no meu diário que uma dia eu planejei uma viagem para a França, cheguei ate a comentar com a Fabiana e com Regis... Tudo muito engraçado e irreal. E sobre o Regis, ai meu deus, Regis me apresentou Fabiana, mesmo não estando falando com ela, e eu me tornei o melhor amigo dela. E agora quem não fala com Regis, sou eu. Nossa cara!Da Fabiana tenho que escolher apenas uma palavra, e a melhor é Inspiração. Talvez foi ela quem mais me inspirou durante um período da minha vida, ela me comprava os piores livros para gente como eu, nas histórias todos iam viver felizes para sempre em Paris, e eu acho que eu acabei acreditando que isso ia acontecer comigo. E não é que aconteceu!
Eu me lembro de ser criança e de trocar de roupas três vezes por dia. So porque eu gostava de roupas...E acho que isso nunca mudara. Até hoje levo uma roupa para o trabalho e faço de tudo para trocar, risos.
Eu me lembro da minha quente e triste adolescência, eu me lembro dos meus mergulhos no rio e das festas que sempre achei chatas. Eu nunca aprendi a dançar nada. Eu sempre estava apreensivo, inseguro e triste. Mas um dia eu achei a minha dança, a minha música e todo o resto passou a nunca ter existido. A minha qualidade é que posso conversar sobre tudo, que é serio e ainda vai ser muito engraçado...
Nunca me achei, eu acho que isso nunca ira acontecer, eu moro nisso. Ou melhor, eu vou me encontrar quando atravessar o oceano e ver que lá tem alguém me esperando.
Imagens: reprodução.
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